Na nossa visita aprendemos e observamos muitas coisas durante nossa
estada em janeiro de 2018. Mas nem tudo conseguiremos registrar. Faremos breves
pontuações. A preservação da floresta na Serra da Barriga destoa do cenário que
vemos ao redor, com extensos hectares de mata transformada em campos agrícolas,
nos quais predominam os canaviais. Levando-se em conta que a criação do Parque
Nacional da Serra da Barriga é relativamente recente é de se louvar que ainda
seja possível encontrar áreas de mata fechada e árvores centenárias na
localidade do antigo Quilombo. Um dos fatores que certamente justificam essa
mata preservada é a dificuldade de acesso ao topo da Serra da Barriga,
principalmente antes da criação do Parque.

Trata-se do Parque Memorial Quilombo dos Palmares foi implantado em
2007, em um platô (área plana) do alto da Serra da Barriga. O local, tombado
pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1985,
recria o ambiente da República dos Palmares – o maior, mais duradouro e mais
organizado quilombo já implantado nas Américas. Fica localizado na Serra
da Barriga a cerca município de União dos Palmares, situado a 09 quilômetros de
Maceió, capital do estado de Alagoas.
Neste lugar podemos ver edificações do Quilombo dos Palmares com paredes
de pau-a-pique, cobertura vegetal e inscrições em banto e yorubá, avista-se o
Onjó de farinha (Casa de farinha), Onjó Cruzambê (Casa do Campo Santo), Oxile
das ervas (Terreiro das ervas), Ocas indígenas e Muxima de Palmares (Coração de
Palmares).
São os espaços Acotirene, Quilombo, Ganga-Zumba, Caá-Puêra, Zumbi e
Aqualtune.
Ancestralidade:
Lá podemos evocar
as memórias de nosso povo que lutou pela liberdade contra a escravidão. Ali
viveram 20 mil pessoas negras que se rebelaram ocupando aquele espaço no alto
de matas fechadas com aproximadamente 553 metros de altitude. Entre 1567 e 1695
lutaram e foram assassinados. Mas quem vai hoje ao Quilombo dos Palmares ainda
sente vivos a energia e o desejo por igualdade, liberdade e democracia.
Memória:
Com a criação do
Parque na década de 1990, houve um esforço dos grupos e movimentos criados em
prol da valorização das heranças negras e africanas para reconstruir o Quilombo
dos Palmares. Assim, a totalidade das edificações encontradas no Quilombo são
reproduções daquelas que, há mais de 300 anos, foram destruídas pela expedição
militar do bandeirante Domingos Jorge Velho. As casas e instalações atuais
somam-se aos espaços naturais - árvores centenárias, rochas, o lago repleto de
peixes, as urnas funerárias ainda encravadas no solo - para a constituição do
atual Quilombo dos Palmares em um grande Lugar de Memória da resistência
escrava ao cativeiro.
Resistência:
Conhecer os lugares
não reverenciados pelo turismo convencional, compreender a história e a memória
que emanam nos faz mais potentes e resistentes na defesa do conhecimento étnico
racial do nosso povo imprescindível para a construção da nossa identidade.
Energia e espiritualidade
Está diante do lago
e da árvore sagrada é tão forte e energético que além de mexer com a nossa
emoção nos faz retornar mais fortes.
A história do país
é constituída da contribuição do relato das experiências dos diversos povos e
nações ou o elo menos deveria ser assim. Entretanto, o que temos lido
tradicionalmente nos livros didáticos e aprendido na escola é uma história
contatada pelos colonizadores europeus e seus descendentes. Indígenas e negros
são representados geralmente de forma estereotipada e insipiente.
Extra:
Fomos guiados pelo pesquisador
e mestre capoeirista Mano Gill, https://www.facebook.com/jildaldo.araujo,
que nos recebeu muito bem além de seu irmão, esposa e filhos que fizeram
uma bela apresentação de capoeira para a gente.
Além disso, após a
visita almoçamos restaurante Baobá Raízes e tradições de Mãe Neide.
Comida gostosa, ótima recepção, espaço tranquilo, ótima
energia! Parabéns. Amamos. Uma experiência deliciosa! Vale à pena
conhecer.
https://www.facebook.com/baobarestaurante
Fontes:
1.
Registros fotográficos e memórias da nossa viagem de janeiro de
2018.
Elaine Rodrigues, Átila Rodrigues e Márcio
Coelho.
4.
Guia realizada pelo capoeirista e pesquisador Mano Gil