Revoltante. No mínimo. É dessa
forma que descrevo o que presenciei ontem a noite, na Cinelândia. Na tentativa
de oferecer apoio aos profissionais da educação que valentemente ocupavam a Câmara
Municipal, diante de nova tentativa de desocupação (a primeira foi na noite de
quinta-feira), todos os demais profissionais e amigos que lá estavam
testemunharam mais um episódio da truculência desmedida da polícia militar
contra cidadãos desarmados.
Por volta das 22:00, um grupo de PMs rapidamente
ocupou a frente do portão da rua Evaristo da Veiga, havendo um início de
confusão, com bastante spray de pimenta sendo expelido. Muitos profissionais da
educação correram para lá, com diretores do Sepe, e formaram um cordão de
isolamento à frente dos PMs que bloqueavam o portão. Todos muito tensos, quando
mais policiais chegaram e forçaram o bloqueio dos professores. Houve agressões
explícitas dos policiais, que alguns companheiros revidaram. Nesse momento,
três companheiros, sendo que uma era mulher, foram arrastados pelos PMs e
sumariamente agredidos.

Diretores do Sepe e
representantes da categoria revezavam-se na guarda de dois portões, nas ruas
Alcindo Guanabara e Evaristo da Veiga. A PM se dividiu entre as duas entradas,
com uma concentração maior pela Evaristo, que tinha um número menor de
companheiros na vigilância. Nesse momento, oficiais da PM negociavam com os
ocupantes, na companhia dos advogados do Sepe e dos vereadores Reimont e
Jefferson Moura. Pessoas com mochilas eram revistadas pelos policiais.
Vi companheiros e companheiras
sendo ESPANCADOS covardemente pela polícia, com o Choque avançando pela
lateral, nuvens de gás de pimenta sufocando a todos. Muitos companheiros, em
face do iminente avanço do Choque, sentaram ou deitaram na pista.

Infelizmente, em vão. Bombas de "efeito
moral" foram lançadas e nos dispersaram. A Câmara foi invadida. Quando os
companheiros ocupantes saíram, entre aplausos, choro e cânticos, ouvimos diversos
relatos da truculência policial no interior da Câmara - gás, balas de borracha
e teaser elétrico contra nossos colegas. É dessa forma que somos tratados pelos
governos municipal e estadual!
Dois companheiros receberam voz
de prisão e foram levados à 5ª DP, na Lapa. Fomos em passeata até lá, para
exigir a soltura dos professores detidos arbitrariamente. Graças à intervenção
do jurídico e diretoria do Sepe, e à pressão de todos os que foram à DP, os companheiros
Gustavo e Ércio foram liberados, já na madrugada de hoje.
Basta de autoritarismo e
violência policial! É imperativo que o governo municipal e sua liderança na
Câmara assumam a responsabilidade pelo episódio bárbaro ocorrido ontem, e que
reinstalem as negociações do Plano de Cargos e Carreiras, dessa vez com
garantia de participação dos representantes da categoria!
E amanhã, escolas fechadas em
todo o município, em luto pela covarde agressão de educadores!!!